Quim está de regresso ao ativo e, por esta altura, leva já alguns meses a trabalhar no Tirsense. O ex-guarda-redes não resistiu a um pedido da equipa técnica liderada por Leandro Pires para voltar a abraçar uma das suas maiores paixões, que é o futebol. A expressão de Quim não engana, quando se toca no assunto, num Tirsense que trabalha para regressar ao convívio com os grandes do futebol nacional (atualmente compete no Campeonato de Portugal).
Mas vamos por partes: Primeiro Quim: “Tive sempre paixão pelo futebol e acima de tudo, pela posição de guarda-redes. É a minha vida, passei anos fantásticos e agora voltei a sentir o cheiro da relva”. Nos planos a curto prazo há também o nível 2 do curso de treinador que pretende tirar. “Sim, mas não me vejo a ser treinador principal. Tenho paixão pela baliza, foram muitos anos a jogar naquele retângulo”, assegurou.
O que ainda está bem fresco na memória são os primeiros tempos depois de pendurar as luvas. “Fiquei na estrutura do Desportivo das Aves, como uma espécie de relações públicas do clube, mas não me sentia bem naquele papel, queria ser treinador de guarda-redes e no segundo ano voltei e fui treinador na equipa técnica do Augusto Inácio”, contou. “Hoje continuo a sentir-me nervoso quando estou de fora, mas é um stresse diferente.
O meu primeiro ano depois de deixar a baliza foi complicado, sentia a falta do balneário e do cheiro da relva. Há jogadores que ficam marcados pelo final da carreira. Fui-me preparando e isso ajudou. Ainda consegui jogar até aos 42 anos, mas nem todos têm essa sorte, há lesões que obrigam a acabar mais cedo a carreira e esse clique, por vezes, não é fácil”, acrescentou.
Ao cabo de um percurso profissional construído com Braga, Benfica e Desportivo das Aves, de vários títulos conquistados e de 32 jogos ao serviço da Seleção Nacional, o antigo internacional português não esconde objetivos. “Passei por muitos treinadores ao longo da minha carreira e aprendi com todos. Agora quero ajudar outros guarda-redes e retribuir”, comentou. A julgar pelas palavras de Quim, o que não falta até são guarda-redes de qualidade.
“De uma forma geral, estamos cada vez melhor e quando um estrangeiro é preferido a um português não percebo as razões, porque cada vez mais temos portugueses de grandes qualidades nas seleções e nos clubes. A prova disso são o Maximiano e o Diogo Costa, dois guarda-redes portugueses a aparecer com muito valor”, apontou. Longe vão os tempos em que os gordinhos, ou os pés de chumbo, iam direitinho para a baliza: “Hoje em dia, a formação é muito importante. As funções de um guarda-redes são cada vez mais exigentes, evoluíram imenso e até são dos menos reconhecidos monetariamente. Hoje não têm de saber defender só, mas também jogar com os pés e até lançar o ataque. As coisas têm vindo a evoluir quase de ano para ano”.
A possibilidade de voltar a treinar no Tirsense, mas também o projeto do clube, que aponta ao regresso aos grandes palcos do futebol nacional motivou ainda mais o antigo guarda-redes a calçar as luvas. “Acima de tudo aceitei, por causa do projeto, porque este clube é enorme. Conheço o Tirsense de antigamente e era clube de estádios cheios. Daqui por três ou quatro anos devemos estar mais lá acima, quem sabe se numa I Liga. O clube e a cidade merecem e o Tirsense tem essa ambição. Estou aqui há pouco tempo, mas dá-me gozo ver as coisas crescer. Se correr bem será fantástico. São necessárias condições para chegar mais alto, mas elas têm vindo a ser adquiridas aos poucos. Vamos tentar ser felizes neste clube”, finalizou.