O Inter de Milheirós eliminou o Sobrado da Taça da Associação de Futebol do Porto e é o único representante da Divisão de Honra nos quartos de final, onde vai receber o Vila Caiz.
Márcio Magalhães, treinador da equipa-sensação da prova, não esconde a ambição de ir o mais longe possível e de tudo fazer para chegar à final, mesmo sabendo que terá de ultrapassar equipas da Divisão de Elite.
“Não acredito no acaso, porque já ultrapassamos o Castelo da Maia e o Caíde de Rei, equipas da Honra, e duas da Elite, FC Pedras Rubras e Sobrado. Neste último jogo com o Sobrado veio ao de cima tudo aquilo que temos trabalhado e que nem sempre atingimos ao longo da época”. Quando digo que não foi por acaso que seguimos em frente, se calhar é porque este será o nosso único foco até ao fim da temporada. Acredito que a manutenção já esteja mais ou menos controlada, temos uma certa distância pontual para os lugares de descida. Mas consegui que os jogadores percebessem que a taça é o tudo ou nada da época, com as ideias e os princípios de sempre”.
Pode-se dizer que a taça se tornou o principal objetivo da equipa, pois no campeonato não foi para a fase de subida, cedendo na reta final da Série 1 da Divisão de Honra, num jogo de “mata ou morre” contra o Lavrense (1-0).
“Ainda hoje me custa falar de um campeonato em que andamos 70 ou 80 por cento do tempo nos primeiros lugares e na última jornada caímos. Depois disso, o maior problema foi puxar os jogadores para esta nova realidade da taça, motivá-los, lembrando que ainda temos de garantir a manutenção, porque ainda temos três meses de campeonato pela frente. A taça é a prova que queremos e onde prometemos ir com tudo. Passou a ser o nosso grande objetivo, uma vez que já não conseguimos subir”.
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Três anos para colocar o clube na Elite
O timoneiro garante que só a final da Taça da AF Porto poderá apagar a desilusão de não estarem a disputar a subida à Elite. E ganhar seria mesmo um feito histórico.
“Os quartos de final que vamos disputar não limpam o que está para trás, mas chegar à final e vencer seria um sonho, que acredito seja possível. Chegar à final será uma tábua de salvação para a época, sem dúvida. Aliás, também nunca fomos tão longe na taça, para já. Mas a final é possível, acreditando naquilo que temos vindo a fazer”.
O Inter de Milheirós luta com dificuldades, mas o treinador não esconde a ambição e aponta até mais alto.
“A falta de meios humanos é evidente no clube, os que estão cá ajudam e muito, mas precisamos de mais e não se arranjam. Não duvido que também crescemos errando, aprendemos com aquilo que nos aconteceu, temos essa consciência. O clube tem 47 anos e temos mais de 40 de II Divisão Distrital. Estamos a ter as nossas dores de crescimento, digamos assim. Mas espero, antes de o clube festejar os seus 50 anos, conseguir chegar à Elite”.
Por fim, o clube tenta utilizar o desperdício de lutar pela subida como motivação para brigar pela Taça. Márcio Magalhães fala-nos sobre como foi o processo da gestão do seu plantel e deixou ainda uma promessa, a cumprir já na próxima eliminatória da Taça.
“Foi uma expectativa tão alimentada durante a época, em todos nós, que até eu, quando me deparei com algo que não ia ser a fase final, senti dificuldades. Recuperar o grupo e reerguer os jogadores não tem sido fácil. Mas esta vitória sobre o Sobrado foi muito importante até para o que resta do campeonato. Esta equipa, para se sentir motivada, tem de se sentir mexida no orgulho e quando isso acontece, sobe de rendimento e transcende-se. Contra o Vila Caiz vamos entrar para ganhar! Vamos jogar cá, não sou treinador de planear para gerir, mas de entrar para ganhar. Somos arrojados na frente, marcamos muitos golos e sofremos alguns também, mas somos assim, uma equipa ofensiva”.