A União Desportiva e Social de Roriz vai estrear-se na Divisão de Elite na próxima temporada e o treinador Luís Teixeira não esconde os desafios que a subida vai colocar ao clube. Começando pela equipa, o técnico não nega que um orçamento limitado vai dificultar a tarefa. Mas essa está longe de ser a única preocupação. “A questão é que as equipas que disputaram a Divisão de Elite tiveram tempo para construir ou reconstruir as suas equipas desde o fim do campeonato. Nós só há umas semanas terminamos a competição. Portanto, grande parte dos jogadores que tínhamos em vista, à partida, já encaixou noutros clubes. O Roriz perdeu esse timing. Já não era fácil com um orçamento reduzido conseguirmos atrair reforços e retocar o plantel com jogadores com alguma experiência de Elite, porque o nosso plantel é bastante jovem, mas assim tornou-se mais difícil ainda”, fez notar Luís Teixeira.
A situação nem é nova para o treinador de 29 anos, que lembrou já ter enfrentado algo muito parecido quando foi adjunto no FC Vilarinho, há uns anos. “Se não conseguirmos contratar alguns jogadores experientes, vamos ter de nos virar para os jovens de maior potencial, trabalhá-los e esperar que cresçam durante a época, como fizemos na temporada que há pouco terminou. Não temos outra solução. Já o fizemos e acreditamos que podemos formar e continuar a ter resultados. No FC Vilarinho já tinha vivido com um orçamento reduzido e conseguimos obter resultados com seniores de primeiro ano. Aqui, se tiver de ser, é o que vamos fazer”, explicou.
Parecendo que não, a construção do plantel, como diz o treinador, “é meio caminho andado” e a época que há pouco findou comprova-o. Se o primeiro treinador do Roriz – durou até à 8ª jornada – não tivesse sabido construir um grupo de qualidade, a subida teria ficado, uma vez mais na gaveta dos sonhos. “Tivemos três roturas de ligamentos e três entorses do joelho em cinco jogadores que, à partida, eram titulares da equipa. Depois ainda tivemos um pé e um braço fraturados em mais dois jogadores que estavam a jogar a titulares naquela fase da época”, enumerou.
“Mas foi aí que a construção do plantel do mister Nélson Costa fez a diferença. Todos tinham capacidade para jogar, só as escolhas da equipa técnica ditavam quem era titular, mas todos os jogadores trabalharam muito e sem reserva para serem opções. Quando tínhamos lesões, ou mudávamos por opção, eles entravam e mostravam competência, porque trabalhavam ao máximo para estar prontos quando era preciso. Portanto, todos puderam sentir-se importantes”, lembrou Luís Teixeira, repartindo os louros do sucesso.
Garantido está, para já, o núcleo duro do plantel que escreveu história no clube. Mas Luís Teixeira conta conseguir tirar partido de outros argumentos que leva na bagagem, apesar de também ele se ter estreado a treinar uma equipa sénior com uma subida à Divisão de Elite. “Como treinador principal esta foi a minha primeira época nos seniores, mas já tinha sido adjunto três temporadas nos seniores do FC Vilarinho e outras três no Freamunde. Conheço bem as dificuldades que teremos de enfrentar na Elite e isso poderá ser uma vantagem. De qualquer forma, só o desenrolar da competição vai mostrar o que isso vale. Conheço bem os treinadores, a maior parte já os defrontei, conheço a forma de jogar de cada um e muitos jogadores que atuam na Elite, mas se isso são vantagens, ou não, só em campo podemos medir isso. Mas acredito que sim”, sustentou.
Ninguém perde a noção de que a exigência será maior, mas isso também não quer dizer que não haja ambição no clube. O que se revela na conversa do treinador é a clara consciência dos objetivos realistas para o Roriz. “Queremos continuar a escrever história, sabemos que não vai ser fácil, mas esta já era a ambição do clube e acreditamos que podemos continuar se trabalharmos para isso. A direção vem fazendo muitos esforços no sentido de nos dar as melhores condições possíveis para termos sucesso. O objetivo será assegurar a manutenção o mais rapidamente possível e em função disso veremos o que podemos fazer mais, mas queremos acima de tudo cimentar o clube na Elite”, vincou.
O que o treinador também não escondeu é a necessidade de o clube procurar atrair mais adeptos para que a equipa possa contar com mais apoio, pelo menos quando jogar em casa. “Os adeptos do Roriz não estão muito próximos do clube, à exceção de um punhado deles. O Roriz está a tentar crescer e precisa de todos para isso, pelo que deixava aqui o repto para que se juntem mais ao clube e ajudem, porque os adeptos são importantes e precisamos deles na Elite. Com mais apoio podemos ter outra consistência na Elite. Notou-se mais apoio na reta final da época, mas vai ser preciso fazer mais na próxima época”, sublinhou Luís Teixeira.