O auditório da Associação de Futebol do Porto foi palco da entrega dos diplomas de formação a 60 árbitros (45 de futebol de onze e 15 de futsal), que concluíram o último curso ministrado pelo Conselho de Arbitragem. José Neves, Presidente da Associação de Futebol do Porto, Carlos Carvalho, presidente do Concelho de arbitragem, e José Rodrigues, em representação da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), entregaram o primeiro equipamento aos novos árbitros e aproveitaram a ocasião para lhes deixar alguns conselhos no arranque da carreira.
“Os quadros da arbitragem da Associação de Futebol do Porto ficaram mais ricos com estes novos árbitros. Sabemos que todos vão ser tentados a desistir, em momentos diferentes da vossa carreira, mas substituam essa palavra por resistir. Na vida há aqueles que nunca começam e há aqueles que nunca desistem e saem vencedores. O vencedor é aquele que nunca para de lutar”, sublinhou José Neves, que lembrou não haver impossíveis, quando se trabalha, “porque se houvesse impossíveis, o Artur Soares Dias não seria árbitro da Elite da FIFA, o Gustavo Correio não seria internacional, o Fábio Melo não seria da I Liga”.
O presidente apelou ainda a que os novos árbitros soubessem manter intacta a sua independência ao longo das suas carreiras: “A pressão não conseguimos evitá-la, mas conseguimos resistir, a independência é uma virtude. Mantenham sempre a vossa independência”. A seguir destacou alguns números para espelhar a grandeza para que todos os filiados da AF Porto têm contribuído: “Hoje atingimos um recorde de praticamente 400 clubes filiados, devemos ter ultrapassado os 36 mil atletas inscritos e muito rapidamente deveremos contar 38 mil. Em média temos mil árbitros, 2600 equipas, organizamos cerca de mil jogos por semana, contamos ainda 5 mil treinadores e 12 mil dirigentes”. De seguida, José Neves lembrou a edificação da Academia, “na qual todos vão poder trabalhar sem serem incomodados”.
Carlos Carvalho, presidente do Concelho de arbitragem da AF Porto, sublinhou a importância e o significado da cerimónia. “Este é daqueles dias mais importantes que temos na vida, em termos desportivos, porque é aqui que começam os primeiros passos na arbitragem. É aqui que aprendemos o caminho para chegar mais longe, mas sem trabalho não chegamos a lado nenhum. Um árbitro que só souber os regulamentos e as leis de jogo não sabe nada. Hoje um árbitro tem de saber comunicar, dominar o inglês e, porque não, mostrar que somos capazes de prestar assistência se nos munirmos de um curso de suporte de vida. Assim somos mais do que um árbitro”, frisou.
José Rodrigues, em representação da APAF, agradeceu a coragem das famílias, “porque os árbitros não são bem tratados nas redes sociais e um pouco por todo o lado, pelo que vos dou os parabéns por os deixar vir para a arbitragem”.
Numa cerimónia que praticamente encheu o auditório, Rui Licínio, árbitro internacional há mais de 20 anos, e Sérgio Soares, árbitro internacional de futebol de praia, presente recentemente no Dubai para arbitrar a Taça Intercontinental de futebol de praia, onde foi escolhido para dirigir a final entre o Paraguai e o Brasil, acabaram por ser homenageados. “Esta tem sido uma semana de emoções, que não tem sido fácil, mas é assim quando se termina a carreira. Passamos muitos sacrifícios, muitas horas de trabalho, mas no fim, tudo vale a pena”, declarou Rui Licínio, antes de Sérgio Soares insistir em lembrar aos presentes a necessidade de terem coragem para enfrentar a carreira de árbitro: “Lembrem-se de todo o trabalho que vão ter, todo o sacrifício que vão passar e que isso não os pode levar a desistir. Têm de riscar essa palavra do vocabulário”.