Adeptos há muitos e para todos os gostos. Mas no caso do Leixões, Carlos e José Falcão, pai e filho, são daqueles que passam aos atos. Na última deslocação da equipa a Chaves resolveram fazer a viagem de scooter. Sim, leu bem! Debaixo de um calor abrasador, ou ao vento, nada os desencorajou. Nas bancadas do Municipal de Chaves, os leixonenses só falavam daquela aventura. “Tive oportunidade de ir, porque não ia trabalhar, e disse ao meu filho que podíamos não ter muitas oportunidades para ver um jogo do Leixões. Lá fomos e sempre que vamos é de mota, porque de carro é muita confusão e sempre complicado para sair dos estádios”, contou Carlos. “Para lá fomos todos contentes, vamos ver o Leixões. Quando acaba o jogo é que pensei no que nos tínhamos metido, porque era preciso fazer o caminho de regresso.
Estive para ligar para o reboque (risos). Só foi pena o resultado [1-1] se tivéssemos ganho teríamos regressado mais felizes. Mas já passou, venha a próxima”, acrescentou. Esta até nem foi a primeira aventura do género. “Já tínhamos ido a Lousada ver o futsal. Chovia, mas chovia mesmo com força. Estivemos a ver o jogo encharcados, até pingava. Quando viemos embora ficamos retidos na portagem por causa de um acidente, paramos cerca de meia-hora. Olhamos para o lado e estava a chegar a camioneta do Leixões, saltei as vias todas e fomos fazer a festa ali mesmo, com eles”, recordou. Mas a primeira viagem de scooter foi para Braga para um jogo entre o Leixões e a equipa B dos arsenalistas: “Também chovia imenso no regresso, paramos debaixo de alguns viadutos, mais do que uma vez. Mas pelo Leixões todos os esforços valem a pena”.
Para Carlos e o filho, o Leixões justifica mesmo tudo. “Em criança ficava superchateado quando perdíamos. Perguntavam-me de que clube era e eu respondia do Leixões. E perguntavam, sim, mas dos grandes, qual é? E eu respondia, ‘mas existe outro maior do que o Leixões? Só tenho um clube, nada mais’.
Irrita-me no trabalho que digam que se sou do Leixões sou do Benfica. Mas qual Benfica, qual carapuça! Só Leixões e mais nada!”, fez questão de vincar Carlos. “Só pode existir um clube, não consigo imaginar-me gostar de outro clube”, insistiu. Aliás, José promete levar essa “loucura” pelo Leixões no coração, porque também foi jogador da formação. Mas a identidade do adepto do Leixões faz-se ouvir ainda pela boca do progenitor: “Não consigo explicar, fui habituado desde criança. Nunca fui ver o FC Porto ou o Benfica, não. Ia para ver o Leixões. Em criança faltei à escola para ver a mítica final da Taça de Portugal contra o FC Porto. Na época em que andamos na II Divisão B fui ver todos os jogos em casa e fora. Um dia fui a pé à Santa Rita, com o meu pai e no regresso só lhe dizia para acelerar o passo, porque havia jogo do Leixões em Vila Real. Vamos depressa dizia eu e ele respondia, és maluco. Pai se não quer ir eu vou. Nesse dia, liguei à minha avó e pedi-lhe para fazer o almoço para ir à minha vida”.
O sonho desta temporada passar por ver a equipa subir, mas pai e filho também gostavam de ver o Estádio do Mar renovado, “porque este clube está bem vivo”, sublinham. Mas… como é que os jogadores reagiram a esta aventura de scooter? “É mais um combustível para retribuirmos dentro de campo este carinho todo que eles têm por nós e por aquilo que fazem por nós. Não é fácil uma viagem destas de scooter. Vamos dar o máximo, dar o tanque de combustível todo por eles, o gasóleo todo, já no próximo jogo”, prometeu Nildo, capitão do Leixões, após uma breve conversa com os dois adeptos. “Estiveram quase dois anos, sem estar nas bancadas e foram como que libertados agora. Sei bem o que esta gente é capaz de fazer. Mas rolar cerca de três horas de viagem é mesmo paixão pelo clube e saudades de futebol”, acrescentou.