Em 2018, Cacioli foi ao Brasil visitar a mãe, sem imaginar que não regressaria tão cedo a Portugal. Abordado, entretanto, pelo Santo André, o médio que representara Vizela, Farense, Gil Vicente, Braga e Famalicão, entre outros clubes portugueses, aceitou ficar no clube que o vira nascer para o futebol, no Brasil, a trabalhar na formação.
Quatro anos passaram até ao regresso a Portugal, conheceu José Cancela, presidente da ADC Balasar, e aceitou o desafio lançado para treinar a equipa que milita na Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto. “Para mim sempre foi a paixão que tive pelo futebol”, respondeu Cacioli, quando confrontado com os motivos que o levaram a aceitar ficar no Balasar.
“Depois foi a retidão das pessoas que encontrei no clube e no presidente. Além disso, as condições que o Balasar tem para trabalhar são muito boas e gosto da formação”, acrescentou de seguida. “A primeira época não correu bem, mas a direção do Balasar decidiu apostar na continuidade e fizemos um projeto com ele, porque estamos a dar os primeiros passos na formação. Há seis anos para cá formamos uma equipa de juniores e esta época resolvemos inscrever equipas Sub-13, Sub-15 e Sub-17. Com o Cacioli encontramos uma pessoa empenhada em ajudar o clube, com vontade de nos ajudar a organizar tudo. Esta época avançamos para um projeto mais abrangente com ele que, para além de ser treinador da equipa sénior, passou a coordenar todo o futebol do clube”, resumiu José Cancela, presidente da ADC Balasar.
O objetivo do clube passa por formar jovens atletas que alimentem a equipa sénior a prazo, pelo que o projeto ainda deverá levar algum tempo a dar frutos. “Temos de consolidar o que se tem feito, com os pés no chão, conforme as condições que o clube tem. Explicamos a cada jogador aquilo que pretendemos. Temos boas condições físicas para trabalhar e temos procurado atrair os jogadores que nos interessam, de acordo com o que pretendemos e, com isso, ir criando uma identidade para este clube. Com a formação queremos alimentar, a prazo, a equipa sénior e tirar proveito da nossa localização geográfica para tal, uma vez que estamos perto de cidades como Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Santo Tirso, Barcelos e Famalicão, o que nos ajuda a absorver jovens dessas localidades que eventualmente sobrem dos maiores clubes”, explicou Cacioli.
“No caso dos atletas que não encaixam nos maiores clubes da região, isso nem sempre acontece por falta de qualidade, mas de oportunidade e nós estamos aqui para proporcionar essas oportunidades que lhes permitam evoluir. Estamos cá para os ajudar a voar, nem que seja um dia mais tarde. Além disso, o Balasar é uma terra que sabe receber, que cuida dos seus atletas e que se preocupa com o bem-estar de cada um deles e isso faz parte da nossa imagem de marca. Depois, um atleta que seja, que um dia acabe por dar o salto para uma I Divisão será sempre importante para o clube, porque será sinal de que estaremos a fazer um bom trabalho”, acrescentou José Cancela.
Até aos Sub-12, a ADC Balasar tem um protocolo com o Varzim SC. “Permite-nos ficar com os atletas das escolinhas que não são absorvidos pelo Varzim SC. Ficam cá e vão ajudando a criar uma identidade. Um atleta que sobressaia pode sempre sair, mas é um risco assumido, é normal que isso aconteça. Em outros casos até regressam mais tarde ao Balasar”, argumentou Cacioli.
“Queremos aliar formação e resultados, mas mais importante do que isso é a vertente social e a formação de homens. Os pais têm de entender que estamos aqui para formar jogadores e homens. Dou o exemplo da pirâmide: a base é sempre muito grande, mas quanto mais o nível se eleva, mais o funil aperta. Se não atingirem o objetivo, que é chegar lá em cima, pelo menos vão sempre poder dizer que desfrutaram da formação que lhes demos para se fazerem homens. A fase entre os 15 e os 19 anos é fundamental na vida deles. Mas se não conseguirem ser atletas, vão conseguir ser homens. Essa é a realidade do clube”, rematou.
A ideia dos dirigentes passa por fazer evoluir o clube, mas como diz o presidente José Cancela, “sem cometer loucuras”. “Temos um princípio e uma base de um trabalho que vai ser feito e contamos que ele nos leva mais além, sem queimar etapas e quando acharmos que a equipa está preparada para dar outro passo vamos dá-lo, mas com segurança, não quero aqui o efeito de ioió. Quem não queria ver o Balasar num CNS, ou numa Elite? Claro que queria ver o Balasar num patamar desses, mas não a qualquer custo, não à custa de dívidas, ou de outras loucuras. Não devemos um cêntimo a ninguém e isso para mim é um ponto de honra, o que me importa a mim contratar um bom jogador e depois deixar de lhe pagar”, argumentou.