“A SAD vai alavancar o clube para o profissionalismo”


O Marco 09 aposta forte na subida ao Campeonato de Portugal, quer regressar ao futebol profissional e a um passado glorioso que deixou saudades. A recente parceria criada com um investidor permitiu ao clube preparar a temporada com meios financeiros que elevaram as ambições. A criação de uma SAD já foi aprovada pelos sócios e hoje todos acreditam ser possível alcançar outros patamares. Para já, a temporada na Série 2 da Divisão de Elite começou bem e o presidente Eduardo Felipe garante que o clube, a cidade e o concelho têm condições para ter um clube mais ambicioso.

 

O que mudou no Marco, que objetivos têm para esta temporada?

O principal objetivo é subir de divisão e chegar, pelo menos ao Campeonato de Portugal. A partir daí vamos começar a reestruturar para chegar à Liga 3 e, quem sabe, à II Liga. Temos uma parceria com um investidor que nos vai permitir criar uma SAD, que já foi aprovada pelos sócios. Essa SAD vai ajudar-nos a alavancar o clube para o profissionalismo. Mudamos muita coisa da época passada para cá, o plantel  começou a treinar de manhã, por exemplo, porque uma das coisas que o investidor nos pediu era que se fosse criando uma estrutura cada vez mais profissional. Não queria ninguém a treinar à noite, porque o objetivo é termos apenas jogadores que se dediquem ao futebol. Com jogadores a chegar às 19 horas para treinar, depois do trabalho, cansados, se o treinador quisesse dar mais meia hora de treino tornava-se complicado, porque no dia seguinte há que voltar a trabalhar. Depois ainda vão jantar antes de irem para cama, enfim, não dava, por isso optamos por mudar.

 

Reforçaram-se muito e ainda fizeram regressar o Gildo, que tinha saído para o Felgueiras…

Fomos buscar uns nove jogadores para nos reforçarmos, tínhamos seis estrangeiros da época passada e mais alguns que já eram do plantel que puderam alterar os seus horários de trabalho e transitaram 13 jogadores. Mudou a equipa técnica, mantivemos apenas dois treinadores que já eram da casa e o Bock trouxe mais cinco elementos. É um treinador que encaixava no perfil que traçamos, fez bons trabalhos no Lixa, no Maia, na Ovarense. É jovem ambicioso, quer chegar lá em cima e o acordo com ele é procurar construir uma equipa dentro desses objetivos, com gente que quer vencer e subir. Digamos que estamos em plena reestruturação para isso.

Em relação ao Gildo, é um atleta da casa, está cá há três épocas, com sucesso, mas infelizmente não tem tido o mesmo sucesso quando sai. Tenho dito ao Gildo que é sempre importante começar uma época e que ele tem saído sempre a meio e isso não é fácil, porque a estrutura e a equipa já estão montadas, mas eu acredito muito nele e ele já provou as qualidades que tem, foi goleador nos dois anos que fez na Elite. Agora queremos que faça uma época inteira, tenho a certeza que vai brilhar e aí sim, poderá dar um salto para um patamar mais alto.

 

Na Série 2, que adversários aponta como concorrentes diretos à subida?

Aliados do Lordelo e Freamunde são sempre candidatos à subida, porque têm excelentes planteis. Depois ainda há o Lousada, que nos tem dado sempre trabalho. Além disso, equipas como o Aparecida, Vila Caiz e Aliança de Gandra podem criar surpresas, porque também são muito fortes, mas é assim mesmo no distrital da Associação de Futebol do Porto. Sabemos que vamos ter muitas dificuldades pela frente, mas estamos a trabalhar para as superarmos.

 

O Marco conseguiu entrar bem no campeonato…

Contra o Sousense, a nossa equipa já teve um jogo duro, mas isso fez com que o nosso plantel caísse na realidade daquilo que é a Divisão de Elite. Na primeira parte o Sousense fez-nos passar mal, sufocou-nos, sofremos. Mas a minha ida ao balneário fez com que os jogadores refletissem e a segunda parte já foi completamente aquilo que nós somos, ou seja, uma equipa boa tecnicamente, agressiva e intensa e isso é o que temos na Elite. Sabemos que há três resultados possíveis e que do outro lado também há uma equipa que treina, que trabalha e que tem bons jogadores.

 

Que reações tem recebido dos sócios?

Têm sido muito positivas. As pessoas da cidade já sentiram que houve uma mudança. Não escondo de ninguém que quando entramos aqui apanhamos o Marco na última divisão e conseguimos subir consecutivamente nas três épocas seguintes. Chegamos à Elite e encontramos uma realidade completamente diferente, deparamo-nos com clubes com muito poderio financeiro, que tinham boas estruturas e bons jogadores e nós não conseguíamos competir ao nível financeiro. O Marco começava a observar jogadores e quando os abordávamos percebíamos que eles já tinham propostas muito superiores às que nós podíamos fazer. A própria cidade, os sócios e os adeptos, já estavam conformados, de certa forma, com a nossa realidade e sabiam que dificilmente poderíamos fazer mais, porque não tínhamos dinheiro e o clube só prometia aquilo que conseguia cumprir, porque nunca falhamos um pagamento, não temos dívidas. Hoje estamos em condições de competir ao nível financeiro e este ano, com o investidor que temos, acreditamos que é possível. Já tivemos muito público no primeiro jogo e durante a semana ouvimos os sócios mais velhos dizer que agora acreditam que é possível.

 

O Marco precisava desta injeção de moral?

Sem querer estar aqui a desmerecer os outros, juntamente com Maia e Freamunde, o Marco será um dos maiores clubes da Elite, atualmente. É capital de um concelho, já esteve na II Liga e é isso que todos os marcoenses querem, é voltar a ver o clube lá em cima, têm saudades de receber algumas equipas que andam hoje na I e II Ligas e que faziam parte do calendário de jogos do Marco. As pessoas de cá têm saudades desse tempo e o objetivo é mesmo esse, criar condições para voltarmos ao que já fomos no passado. Para já queremos chegar ao Campeonato de Portugal, depois reestruturar para conseguirmos, de forma sustentável, chegar a uma II Liga. Acho que é possível, o clube, a cidade e o concelho têm condições para isso.

 

Acredita que o tecido empresarial do concelho vai apoiar o clube?

Normalmente, as empresas gostam de se associar a projetos vitoriosos, ninguém cola uma marca a um projeto derrotado ou ferido. Tenho uma empresa e tenho todo o gosto em ajudar um projeto que tenham ambição e pernas para andar. É normal que nesta altura, as empresas com a crise e algum ressabiamento de anos anteriores, em que investiram e viram que o dinheiro caía em saco roto, que não havia evolução, nem progresso, tenham deixado de ajudar. Entendo isso perfeitamente. Havia portas em que batíamos e que nos davam 10 ou 20 mil euros e que hoje nem dão 500 euros. Mas nós compreendemos. Mas acredito que com o nosso crescimento as empresas da região – e temos algumas que já nos apoiam – vão apoiar-nos ainda mais, cada uma à sua medida e acho que vão querer associar-se mais. O clube só tem a ganhar ao nível sénior, mas também ao nível da formação. Quanto maior for o investimento nos seniores, maior ele será na formação, também.

 

O que é que ainda faz falta ao Marco?

Nunca escondi de ninguém que precisávamos de, pelo menos, mais um campo. Pela quantidade de atletas que temos na formação era bem necessário e acredito que esta época vamos ter mais atletas ainda. Temos tido todos os horários preenchidos, só com um campo. Mas o próximo passo para crescermos seria termos mais um ou dois campos de treino, sem dúvida.