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“A paixão é tão grande que os sacrifícios não se sentem” - AFPorto

“A paixão é tão grande que os sacrifícios não se sentem”


O espírito do desporto não desapareceu e está bem vivo no estado mais puro do futebol, que clubes como o FC Paço de Sousa alimentam com atos que ultrapassam as palavras. Após quatro anos de atividade suspensa, uma Direção de jovens apaixonados pelo clube está aos comandos e a reviver um verdadeiro regresso às origens de uma paixão que não se explica e que só as gentes daquela terra sentem.

“Foram três meses de sufoco, de junho para cá. O clube ia encerrar no ano em que fazia 75 anos de história. Não fazia sentido, bateu a nostalgia e tivemos de tomar conta disto. Éramos três a apontar ‘pistolas’ uns aos outros para ver quem seria o presidente e acabei por ser eu”, conta Pedro Rosa, presidente e atleta da equipa sénior do FC Paço de Sousa. “A paixão é tão grande que os sacrifícios não se sentem. A nossa direção está aqui porque temos um carinho enorme pelo FC Paço de Sousa. Os sócios voltaram a aparecer e é gratificante. Alguns já nem pagavam quotas há anos, outros já nem os via nas bancadas há 10 anos, pelo menos. Sinto que estamos a regressar às origens, o que é bom”, acrescenta, entusiasmado.

Mas a tal “paixão” de que fala o presidente começou a manifestar-se logo no arranque. “No primeiro jogo na Distrital, fomos buscar um dos sócios mais antigos do clube, que não podia conduzir. Sabia do amor dele pelo clube e fiz questão de o ir buscar a casa. Abraçou-se a mim a chorar na despedida. Foi um dos obrigados mais bonitos que recebi daquele homem, que pôde voltar a ver o FC Paço de Sousa. Ganhamos o primeiro jogo e chorei, mas quando deixei o senhor Ramiro em casa, voltei a chorar agarrado a ele… foi engraçado. Vim de lá arrepiado. Os adeptos estão cá com ganas, como dizem os espanhóis”, conta-nos, ainda com um brilho nos olhos.

Mas ainda há pouco mais de meio ano a realidade do FC Paço de Sousa era bem diferente. “Ligamos as luzes e foi um impacto muito grande. Mas temos avançado. Temos alguns projetos, vamos fazer com que não se esqueçam de nós (risos). Temos noção da realidade, mas a cereja em cima do bolo seria, um dia chegar, pelo menos, à Elite. Vamos trabalhar, é como uma bola de neve, se trabalharmos bem ela vai aumentar e levar-nos onde queremos chegar”, comenta.

Quando se sobe ao relvado, em dia de jogo, e se contempla a obra a crescer e se sentem os adeptos na bancada, mais alento a direção ganha. “É difícil explicar. Mas é uma realização pessoal sentir a camisola no peito. Já não jogava há alguns anos no clube, é gratificante. Não é uma Champions, mas… o sentimento é equiparado. Ver as bancadas com os adeptos, os cachecóis, tudo pintadinho e reconstruído é uma sensação incrível, chega a arrepiar. É bonito”, reconhece. Mas para chegar aqui, muito caminho se tem percorrido: “Quando decidimos pegar no clube surgiu a possibilidade de fazermos uma parceria com a ‘Geração Benfica’, que gere a nossa formação.

Fiquei eu e mais cinco jogadores, depois arranjarmos mais 21 a custo zero para formarmos uma equipa sénior. O Fábio Feital e o Pedro Correia foram muito importantes para reconstruir a equipa, as condições eram precárias, mas eles fizeram um grande trabalho, foram decisivos nesta recuperação do clube, mais ativos do que eu nessa parte. A temporada nem está a correr mal, se pensarmos que era complicado juntar bons jogadores como os que temos. Era muito normal que as coisas demorassem a funcionar, mas está tudo bem. A parte financeira também tem acompanhado. “Conversamos com a Câmara Municipal, arranjamos patrocinadores, constituímos uma direção forte e neste momento somos 14 elementos”, acrescenta.

Nos treinos o presidente passa a atleta, ele e mais alguns elementos da direção do clube, que também alinham aos domingos, ainda que a presidência não garanta a titularidade. “Pois, porque é preciso correr lá dentro. No relvado sou um jogador apenas e só. Cá fora tenho um pouco mais de responsabilidade, porque tenho de andar de um lado para o outro a resolver problemas. Temos de ser multifunções. Acabo por perder um pouco do convívio com os outros, porque tenho de ajudar na cozinha, fazer isto ou aquilo. Mas admito que tem a sua piada, é verdade, alguns até me chamam ‘presi’.

Às vezes (risos), o treinador dá-me cada dura! Mas estou muito satisfeito com ele, é o primeiro ano do mister [Vítor Fileno], tem um método de trabalho muito bom, um discurso atrativo, com sorte vai ter uma boa carreira”, aponta. “Mais genuíno do que isto parece-me difícil, é o futebol no seu estado puro, com muito suor, sacrifício e um esforço surreal para estarmos cá.

Festejamos 75 anos no passado dia 26 de maio, peguei no clube no mês seguinte. Para além do orgulho de representar o clube, sinto isto como um dever. Nos 50 anos do FC Paço de Sousa, o meu pai era o presidente e, curiosamente, 25 anos depois, nos 75, está o filho na presidência. Daqui por dois anos veremos como estamos, mas seria bom sinal se tivesse de continuar, porque seria sinal de que o projeto teria sido viável”, remata.