Em ano de centenário, o Padroense FC quer manter viva, mais do que nunca, a máxima “sempre em crescimento” e Germano Pinho, presidente do clube há mais de duas décadas revelou que se vai recandidatar. “Quando não tiver desafios deixo o clube, mas vou apresentar uma nova candidatura para um novo mandato de três anos, porque ainda tenho desafios na mente e o principal é a construção de um novo campo de futebol de 11, aqui ao lado do estádio. Já temos um acordo com a Câmara Municipal que nos irá ceder o terreno e vamos desenvolver iniciativas para acabarmos a obra o mais rápido possível. Isso vai permitir deslocar para lá toda a nossa academia. Depois, complementar este nosso parque desportivo com um segundo campo de relva sintética, que deverá permitir ao Padroense dar um salto mais ambicioso no seu crescimento e afirmação”, explicou o atual presidente.
A vontade de Germano Pinho é ver o Padroense continuar a crescer, mas sobretudo continuar como uma das grandes referências do futebol nacional ao nível da formação e os números recentemente divulgados pela Federação Portuguesa de Futebol assim o comprovam. “O Padroense é hoje um clube referência ao nível da formação, somos o único clube do país sem estrutura profissional, com cinco estrelas no seu currículo. Mas também o décimo com mais atletas federados a nível nacional e o segundo da Associação de Futebol do Porto, a seguir ao Leixões. Se pensarmos bem, num país com mais de mil clubes, sermos o décimo é obra. Comparado com aquilo que conheci há mais de 20 anos, o Padroense está a um nível completamente diferente”, sublinhou.
A equipa sénior está atualmente na fase de subida ao Campeonato de Portugal, mas o presidente não perde a noção da realidade em que o clube se insere. “Não renegamos a vontade de subir que está implícita no nosso comportamento, até porque acreditamos que o nível competitivo e o nível de esforço financeiro não serão muito diferentes entre o Campeonato Nacional e a Divisão de Elite. A nossa prioridade é a estabilidade financeira, é uma regra que temos, prefiro abdicar do sucesso desportivo e manter o clube financeiramente estável, porque só assim vai continuar a viver”, justificou Germano Silva. “Ao nível da nossa equipa sénior, o Padroense dificilmente poderá alcançar muito mais, porque o clube não tem meios financeiros para isso e por opção em canalizar para a formação uma parte importante do orçamento. Quando projetamos uma época desportiva, destinamos à nossa formação uma percentagem que a maioria dos clubes não dá. Neste momento a nossa despesa com o futebol sénior é inferior à da nossa formação. Preferimos seguir esse caminho, um dia poderá ser repensado, mas só com meios financeiros importantes e substanciais”, acrescentou.
No ano em que preside aos festejos dos 100 anos do Padroense, Germano Pinho destaca três momentos importantes vividos na primeira pessoa nas suas duas décadas à frente dos destinos do clube: “O nosso maior sucesso desportivo foi em 2010/11, quando estávamos na II Divisão Nacional, competimos na zona centro. Defrontamos Tondela, Boavista e Espinho, entre outras grandes equipas, e apontamos à manutenção. Mas a época correu tão bem que acabamos campeões da zona centro, num percurso absolutamente heroico do Padroense, que nunca mais vamos esquecer. Esse foi o momento mais alto, em termos desportivos”.
Mas a época 2010/11 não marcou só pela positiva. “Por muito contraditório que possa parecer, é nessa mesma época que está a maior deceção desportiva, porque os regulamentos, já na altura arcaicos, não contemplavam a subida do campeão de cada zona, Norte, Centro e Sul. Havia uma pule entre os três e só subiam dois, ficando um pelo caminho, o que coube ao Padroense. Disputamos essa pule com o União da Madeira e o Atlético e, com alguma tristeza, mesmo sendo a melhor das três equipas, ficamos pelo caminho”, contou ainda.
Outro momento que Germano Pinho destacou foi o feito da equipa júnior do clube, “quando o Padroense atinge o campeonato Nacional de Juniores A, que era absolutamente impensável, quando aqui cheguei há 20 anos. Todos as nossas equipas disputavam os escalões mais baixos da AF Porto e passado estes anos conseguimos atingir esse campeonato, defrontando os colossos desse escalão”. Na galeria dos momentos marcantes está ainda a certificação do clube: “É motivo de orgulho o Padroense ter atingido a certificação com um nível de excelência pela Federação Portuguesa de Futebol, com cinco estrelas, há três anos consecutivos. Temos o quarto ano em análise e temos esperança de continuarmos a ser cinco estrelas. Isto é fruto de um grande trabalho desenvolvido pelo Padroense.
Desmistificar protocolo com o FC Porto
Quando se fala do Padroense FC como uma referência na formação, a tendência é associar a totalidade da formação do clube aos azuis e brancos, mas a realidade mostra que está muito longe de ser assim. Germano Pinho aproveitou a oportunidade para desmistificar a situação, destacando uma vez mais o grande trabalho feito pelo clube, com resultados que falam por si. “Temos um protocolo com o FC Porto que funciona muito bem, que já dura há 20 anos e é um prazer e uma honra para nós. Mas esse protocolo funciona única e exclusivamente para a nossa equipa de juvenis do Campeonato Nacional. Quase cem por cento dessa equipa é formada por jogadores do FC Porto. Nas equipas dos outros escalões da formação, o FC Porto não é tido nem achado para mais nada, todas são genuinamente Padroense. Convém que entendam esta distinção no trabalho que o clube tem vindo a desenvolver na formação”, vincou.
Vitinha, Fábio Vieira e os outros…
É claro que ao longo dos anos este protocolo, mas também os tais trabalhos levados a cabo pelo Padroense nas suas camadas jovens fazem com que hoje em dia seja às dezenas os jogadores que envergaram as cores do clube, numa ou noutra altura da formação, até se tornarem profissionais. “Há um grupo de juvenis que passaram por aqui, que vieram com o FC Porto, e que depois saíram da orbita do Padroense, porque são todos profissionais e nesse patamar os que atingiram níveis de excelência tivemos o André Silva, Rúben Neves, Diogo Dalot, João Félix, Diogo Leite, Diogo Costa, Vitinha, Fábio Vieira, Francisco Conceição, Paulo Machado, por exemplo, todos vestiram a nossa camisola, chegaram a internacionais A e foram uma época jogadores do Padroense”, lembrou. Depois há os “Padroenses”, sem ligação ao FC Porto. “Entre os que não fizeram parte desse protocolo brilharam, posso citar André Simões, do AEK de Atenas, Paulo Mariano, o Mariano, que jogou no FC Porto e no Marítimo, Sérgio, que veio do Infesta para cá, Paulinho, Bruninho, que jogou no Vitória de Setúbal e o Penafiel, Marcão, Armando, Vila, que jogou no APOEL, o Arsénio, que está no Arouca, ou seja, todos jogadores que fizeram parte da nossa formação. Na seleção Sub-21 que foi à final do europeu no ano passado, tínhamos lá pelo menos 10 jogadores que passaram pelo Padroense, o que é uma honra para nós”, finalizou.