O Citânia de Sanfins, emblema do concelho de Paços de Ferreira, vai estrear-se na Divisão de Elite em 2023/24, mas Joaquim Santos, Presidente do clube, não perde a noção da realidade, embora aponte como grande objetivo fazer uma temporada tranquila e estabilizar o emblema azul e branco na mais alta das divisões de futebol da AF Porto. Sem rodeios, assume que pensar no Nacional nem encaixa na realidade de um clube que se quer bairrista e que é bem identificado com as suas gentes e que não vai embarcar em projetos que não façam sentido.
PERGUNTA – Alcançar a Divisão de Elite era um objetivo alimentado há muito tempo?
RESPOSTA – A nossa ambição era chegar à Elite e podemos dizer que chegamos no momento certo, dentro daquilo que era o projeto do clube. Mas é importante dizer que o clube dá muita importância às condições de trabalho que oferece aos jogadores e equipa técnica, porque não vale a pena ter uma equipa na Elite se não formos um clube de Elite. Para estar na Elite, ou mais acima, é preciso criar condições. Investimos em balneários, que passaram de dois para cinco, numa sede, nos edifícios, num relvado sintético, compramos um autocarro. Todas estas condições eram importantes para ajudar a estabilizar a equipa neste patamar. Além disso, tivemos de fazer tudo tendo em conta um orçamento que se gasta com facilidade, porque as despesas são muitas e o bolo cresce rapidamente.
P – Mas fazer um campeonato tranquilo não implica investir mais no plantel?
R – Ficamos com 80 a 90 por cento dos jogadores que nos trouxeram até aqui. Mas o nosso mérito não foi só termos bons jogadores, mas um bom grupo e nada melhor do que respeitar isso. Vamos tentar melhorar a equipa e contratar mais meia dúzia de reforços. Vamos manter o treinador, o Nino, que é um líder e um homem sereno, que passa harmonia e respeito para dentro de campo. É um homem exemplar e foi isso que ele trouxe de melhor para o nosso clube.
P – Como antevê a estreia no patamar mais alto da Associação de Futebol do Porto?
R – Temos consciência de que não será fácil, porque será o nosso primeiro ano a este nível. Mas queremos fazer um bom campeonato, aliás, mentia se dissesse que íamos jogar para nos mantermos, não. Queremos fazer um bom campeonato e isso passa por andar do meio da tabela para cima. Temos de colocar a fasquia mais alto um bocadinho, para depois nos podermos ajustar, mas a nossa motivação é essa, mesmo tendo a noção das dificuldades.
P – O futuro passa por alcançar os Nacionais?
R – Não, porque temos consciência que o Nacional está fora de hipóteses para nós. Queremos estabilizar na Elite, ou na futura divisão mais alta da AF Porto. Não queremos projetos que não estejam de acordo com aquilo que é o clube, o bairrismo e a nossa terra. O Nacional não encaixa na nossa realidade. Os jogadores não andam a água, damos umas ajudas de custo e mesmo assim fica caro. Temos de ter noção da realidade, porque não é fácil.
P – O Citânia de Sanfins é hoje um clube diferente para melhor?
R – Sou presidente há 24 anos, desde 1999. O campo era pelado, não havia vedações, nem bancada, nem sede, os balneários eram os da formação, estávamos no meio do monte, junto à Citânia, e tivemos de comprar terreno onde estamos agora para edificar o que temos. Já pensávamos na Elite há alguns anos, mas foi preciso trabalhar vários aspetos, porque um clube não é só uma equipa de futebol. Ainda queremos construir uma bancada de topo para separar os adeptos visitantes e criar melhores condições, porque é dos sócios e dos adeptos que vivemos.
P – A certificação é outro passo importante que o clube vai dar finalmente?
R – É verdade, vem aí a certificação, a partir de setembro, e é outro aspeto no qual queremos cumprir e que faz todo o sentido, porque queremos proporcionar boas condições. Não vale a pena pensar mais alto sem termos condições, até porque a certificação não o permite. A exigência é sempre boa, porque vamos a certos sítios que são deploráveis. As condições têm de acompanhar o desenvolvimento do clube e da equipa. Estamos a acabar de montar um ginásio e queremos criar mais estruturas, porque o desporto não é só correr atrás dela.
P – Em relação à formação, que projetos têm?
R – A formação, infelizmente, correu mal. Chegamos a ter uma parceria com o Braga que estragou tudo, porque se esqueceram da parte humana, da criança, do apoio aos pais e acabamos por perder tudo o que tínhamos. Nesta fase estamos a recomeçar e daqui por três épocas esperamos ter os escalões todos. Temos uma equipa Sub-13 e estamos a tentar formar mais de Sub-11 ou Sub-10, mas sem desviar miúdos de outros clubes. Estamos a fazer o nosso caminho.