“Patrocinadores serão indispensáveis para o futuro na Liga 3”


O USC Paredes venceu o Campeonato de Portugal ao golear o Fontinhas por 4-0, na final disputada no Jamor, no passado sábado, e começa a olhar para a Liga 3 e para as exigências que isso vai implicar. A final ainda nem tinha acontecido, quando Pedro Silva, presidente do clube, aceitou levantar um pouco do véu sobre o futuro e as necessidades que se anunciam, porque não será só o plantel que será necessário reforçar. Uma das grandes questões será evitar que a subida se transforme num presente envenenado, se o clube não encontrar os meios para dar seguimento ao crescimento que vem tendo nos últimos anos. “Ainda nem nos viramos para isso, mas ainda vamos tentar perceber que tipo de apoios existem para as equipas da Liga 3, quer na Federação Portuguesa de Futebol, quer até no IPDJ. Isto para dizer que as coisas serão mudadas à medida que a nossa capacidade financeira o permitir. Se não houver outra forma, logo se vê como vamos fazer. O nosso projeto está em expansão, temos vindo a crescer paulatinamente e de forma sustentada, mas obviamente que à medida que vamos andando, as exigências financeiras são maiores e temos de encontrar soluções”, explicou o presidente Pedro Silva, que lembrou que em cinco anos à frente do clube esta foi a segunda subida.

Mas a questão financeira será mesmo decisiva se o clube quiser continuar “a olhar para cima”, mantendo a fasquia onde ela está. “Ou temos patrocinadores, ou teremos de rever o modelo de negócio e ter a inteligência necessária para fazer as coisas com as pessoas certas, porque quem vem investir não vem para nos dar nada, mas para levar. Temos de pensar bem o que queremos daqui para a frente”, acrescentou o presidente, consciente de que o clube poderá ver-se obrigado a formar uma SDUQ, ou uma SAD, para tentar cativar outras fontes de financiamento.

Mas os desafios não ficam por aqui. A estrutura até aqui muito centrada em Pedro Silva, José Teixeira, diretor desportivo, Filipe Oliveira, tesoureiro, Pedro Rocha, responsável pela organização dos jogos e, claro, no mister Eurico Couto, vai precisar de ganhar mais alguma dimensão, sem perder qualidade. “Temos a perceção da necessidade de uma estrutura melhor, mas aqui estamos habituados a tocar as violas todas. Preferimos às vezes tocar de tudo um pouco para podermos ter um jogador melhor na equipa, isso provoca um desgaste muito grande. O José Teixeira esteve cá todos os dias, esta época, toma conta da formação, inclusive. Portanto, é viver o clube quase 24 horas por dia. É duro e desgastante”, explicou o Presidente. “Mas temos a noção disso e onde tivermos de melhorar vamos tentar fazê-lo, gerindo o clube como uma empresa, porque este clube não deve nada a ninguém, mas também não engana ninguém. Cada um vai ter de dar mais um bocadinho, mas para o resto será necessário ter orçamento para isso. Não temos fontes de receita e para não haver passivo teremos de nos reinventar com atividades que nos ajudem a financiar, por exemplo, para além da ajuda de algumas empresas e da Câmara Municipal, que tem sido um parceiro muito forte. Sem eles seria tudo mais difícil. Aqui temos gente que faz a troco de nada e quando se trabalha assim é difícil exigir, só temos de agradecer, porque trabalham por uma causa. Seria mais fácil ter tudo estruturado, ter o clube com capacidade financeira para podermos exigir e fazer as coisas como elas deviam ser feitas”, atirou ainda.

Uma coisa é certa, no horizonte do USC Paredes não se vislumbram só mudanças. Há uma identidade para conservar e ambição q.b. para continuar a crescer. “Aconteça o que acontecer, teremos de ter os pés bem assentes no chão, sem deixarmos de ter ambição. Temos uma cidade desportiva com um enorme potencial para crescer, com dois sintéticos e um relvado natural. O presidente da Câmara Municipal de Paredes vai mudar um sintético e construir um relvado natural. Só ainda não o fez à espera de que o relvado das Laranjeiras fique pronto para não ficarmos sem relvado e termos de jogar em casa emprestada. Mas com um estádio no centro da cidade, vamos ter espaço para mais um relvado natural e mais um sintético. Temos infraestruturas que poucas equipas da I Liga, inclusive, têm. Não temos uma estrutura profissional, claro, nem temos capacidade financeira, mas a verdade é que fizemos o caminho até aqui sem SADs, nem SDUQs, nem empresários. Daqui para a frente será na mesma uma luta entre David e Golias, sabemos que vamos ter de fazer mais com menos na Liga 3. Mas vamos tentar fazer o melhor, porque o sonho comanda a vida, conscientes de que as exigências serão maiores. Cabe à Direção arranjar soluções para continuar a alimentar os nossos sonhos”, sustentou ainda Pedro Silva.

Aliás, o Estádio das Laranjeiras e o regresso ao centro da cidade promete voltar a aproximar os adeptos do clube e, espera-se, trazer mais receitas. “Vamos regressar ao Estádio das Laranjeiras, embora isso não vá acontecer logo no arranque da temporada, mas tenho a certeza de que voltaremos a ter uma aproximação dos adeptos à equipa e ao clube. Aí sim, teremos um apoio ainda mais forte e será importante para o clube continuar a crescer em termos de associados, porque precisamos de receita. As despesas vão ser maiores e esse será um lado fundamental. Esperamos ter mais apoio e vender mais cadeiras cativas, camarotes e publicidade para termos mais receitas”, apontou ainda.