Os responsáveis do Leixões traçaram um projeto de formação, reinventaram conceitos e aproveitaram a história do próprio clube para surgirem, hoje, como o clube com mais futebolistas masculinos inscritos na Federação Portuguesa de Futebol. Ainda que as conhecidas dificuldades financeiras tenham obrigado a “fazer alguma ginástica”, conta o professor José Manuel Ferreira, antigo adjunto de Mário Reis, que “o projeto começou a despontar há um ano”.
A tradição histórica de formação do clube de Matosinhos – quem não se lembra dos bebés da década de 60? – foi trabalhada no sentido de atrair os mais jovens e uma forte rede de infraestruturas físicas e humanas tem ajudado a relançar a formação do Leixões. “Criámos em cada escalão, desde os Sub-6 aos Sub-17, duas equipas para aproveitar melhor os miúdos, alargar a pirâmide de seleção e prolongar a formação e isso aumentou o número. O nosso processo seletivo não é tão rigoroso, temos margem para selecionar”, explicou. Além disso, a SAD gere ainda os futebolistas das equipas Sub-18, Sub-19 e Sub-23. O passo seguinte foi ir onde as crianças se concentram mais habitualmente. “Fomos às escolas primárias e sensibilizamos pais e crianças, através das redes sociais, para o nosso projeto. E de três crianças com 6 anos, há um ano, passamos para mais de 70, o que dá a dimensão destes números”, completou aquele que hoje coordena a formação do clube de Matosinhos. “Acabamos por dar respostas aos anseios das crianças daqui”, completou, apontando a mira ao futebol feminino: “Queremos lá chegar, mas sem andarmos a roubar atletas a outros clubes. Mas ainda temos de ver como vamos trabalhar isso”.
À margem da captação de matéria humana para a formação, os responsáveis pelo projeto foram atrás das infraestruturas físicas para desenvolver o trabalho no campo. “Temos um protocolo com a Câmara Municipal de Matosinhos, a Matosinhos Sport. Além disso, trabalhamos no Lusitanos, no Perafita e no polidesportivo João Faneco. Mais recentemente, inaugurou-se a o espaço Óscar Marques, que está a ser dotado de várias infraestruturas, como pavilhões, balneários, auditórios, espaços de nutrição, etc… e que tem tido um impacto fundamental”, apontou o professor José Manuel Ferreira.
O enquadramento dos responsáveis do clube, muitos deles pais de algumas crianças da formação, também se tem revelado fundamental para pôr a máquina a funcionar. “Os nossos diretores são leixonenses e pais de alguns miúdos, mas também temos uma estrutura técnica muito boa, com treinadores formados”, sublinhou. Apesar da pandemia, os responsáveis pela formação do Leixões não têm razões de queixa, pelo contrário. “A pandemia, para o Leixões, foi um sinónimo de perda de jogadores. Não só não conseguimos atrair mais crianças, como temos tido dificuldades para gerir isto por causa dos espaços. As pessoas têm acreditado no nosso projeto e até fazem parte deste processo educativo e formativo”, explicou ainda. Com os passos que estão a ser dados, o clube de Matosinhos quer voltar a ser uma potência da formação em Portugal e tudo indica que estão no bom caminho.