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De adepta a senhora Presidente - AFPorto

De adepta a senhora Presidente


Nos tempos em que o futebol raramente passava sem confusão, Luciana Monteiro estava na bancada com o pai a vibrar pelo FC Lixa. “Ele metia-se no meio deles para separar e eu vivia aquilo tudo com muita adrenalina, com medo de que ele se aleijasse”, recordou aquela que é hoje presidente do FC Lixa. O “bichinho” da bola estava lá, desde cedo, e ressurgiu com toda a força, anos depois, quando começou a acompanhar os sobrinhos na formação do clube. “Andava com eles, sempre interessada no que se passava no Lixa, tinha uma amiga, a Paula Sousa [secretária da direção], e há dois anos comecei a vir mais vezes com ela aos jogos, até surgir o convite para entrar na direção”, explicou. Passou a vice-presidente em plena pandemia e numa altura em que a pressão se fazia sentir no FC Lixa. Os críticos não perdiam uma oportunidade para apontar o dedo à direção, “até que num jogo com o Vila Meã, o presidente do clube foi agredido no camarote. Demitimo-nos em bloco, mas acabamos por levar o mandato até ao final da época, para não deixar cair o clube no vazio”, contou Luciana Monteiro.

As portas abriram-se para os críticos, que tiveram a oportunidade de constituir uma nova direção para pegar no FC Lixa, mas em sucessivas assembleias nunca foram capazes de apresentar listas em conformidade com os estatutos e ao cabo de várias assembleias ninguém apareceu para liderar. “Andávamos nisto há quatro ou cinco assembleias, à chuva, ou ao frio, sem sucesso, tudo preparado por nós, porque era tudo feito no sintético, não se podiam fazer em recintos fechados, por causa da pandemia”, explicou. Até que a própria Luciana Monteiro tomou a decisão que a levaria à presidência: “No dia da última assembleia percebemos que não ia aparecer ninguém, abri o computador e fiz uma direção, com a Cláudia Marques a presidente da Assembleia, e fui buscar alguns sócios, tudo numa tarde. Mas sempre disse que só apresentaria a minha lista se não aparecesse mais ninguém, para evitar de entregar o clube à Câmara Municipal”.

 

Aventura da presidência começou em julho de 2021

 

Uma vez eleita, a aventura começou no passado mês de julho. “Inicialmente houve alguns olhares… e quem pensasse que estava aqui como testa de ferro de alguém. Mas já perceberam que sou eu a dar a cara e a trabalhar. Mal vejo os jogos, porque estou nas bilheteiras, ou a vender rifas. Sou eu que vou às empresas pedir apoio para o clube. Ando com a Paula Sousa, às manhãs, a desenvolver contactos para arranjar dinheiro para o Lixa e começaram a perceber que eu era mesmo a verdadeira presidente.

Tudo tem sido feito por mim e pela minha direção”, acrescentou. Aos poucos, o trabalho e o empenho na busca de apoios para o clube têm permitido a Luciana Monteiro conquistar o seu espaço. “Tivemos uma Assembleia na quinta-feira [6 de outubro] e correu bem, os sócios que me olhavam de lado deram-me força e disseram que estavam comigo, que sou sincera e a critica esbate-se mais. Começo a ter os críticos do meu lado. Fiquei mais motivada porque estão a acreditar no meu trabalho”, contou. Na última jornada, contra o Vilarinho, o FC Lixa empatou em casa a dois golos, mas a presidente até conquistou espingardas junto do adversário. “Sou muito bem tratada, são todos muito simpáticos. Com o Vilarinho, a certa altura, dei por mim a pagar finos aos sócios deles. Disseram que quando fosse lá iam estender o tapete vermelho para mim (risos), porque era diferente dos outros”, comentou.

Numa fase em que o clube parece ter encontrado o caminho certo, Luciana Monteiro não perde a noção da realidade. “Não queremos pedir milagres, nem defraudar expectativas. Preferimos fazer aquilo que for mais seguro para o Lixa, em vez de prometer alguma coisa que não seja possível. Temos um plantel excelente, gostávamos de subir de divisão, mas é difícil suportar os custos todos. Neste momento interessa ganhar jogos e ter dinheiro para pagar os custos, o que é sempre difícil de conjugar. No final da época logo se verá”, sublinhou.

Mas sobra a mágoa de ter perdido a equipa de juniores: “Com a pandemia não pudemos treinar e a maior parte dos jogadores acabou por fazê-lo em outros lados, apesar das indicações legais em contrário. Chegamos a ter polícia à porta por denuncia. Nós mantivemos a inscrição até aos últimos dias, na esperança de conseguirmos ter uma equipa, mas tivemos mesmo de abandonar”.