Luis Pinto: No Leça queremos fazer das dificuldades oportunidades


O Leça eliminou o Lourosa, da Liga 3, da Taça de Portugal com uma vitória, em casa, por 1-0 e conquistou o título de “tomba gigante” ao derrotar uma equipa de um escalão superior, na primeira eliminatória da competição. Depois de ter somado três pontos na jornada inaugural do Campeonato de Portugal, em Espinho (1-2), a temporada da equipa liderada por Luís Pinho não podia ter começado melhor, o que tem ajudado a disfarçar dificuldades de outra natureza. “Dá ainda mais vontade para continuar a crescer, mesmo quando essas vitórias escondem muita coisa, mas é obviamente muito melhor trabalhar em cima de resultados positivos”, explicou o treinador. “Neste caso tem importância até para os adeptos, pela preocupação que se percebia neles no arranque. Depois de não termos subido pelas razões que se conhecem, o Leça começou a trabalhar três semanas mais tarde do que os seus adversários e isso era uma preocupação para os adeptos. Estas vitórias podem ter ajudado. Em Espinho já tínhamos tido um apoio enorme e aqui contra o Lourosa foi incrível. Pode ajudar a motivar as pessoas para nos virem apoiar, sem dúvida”, reconheceu.

O arranque da temporada foi tudo, menos fácil para o grupo de trabalho que ainda não tem o plantel fechado. “Sinceramente, desde o primeiro dia sentimos confiança por parte dos jogadores. O primeiro impacto foi… devíamos estar na Liga 3 e não estamos, continuamos no Campeonato de Portugal e estamos a começar tarde… Mas durou um ou dois dias, a partir daí mudou-se o chip”, contou. Sem outro remédio que não fosse seguir em frente, mais ninguém olhou para trás. “Temos de trabalhar, porque este é o nosso presente, com o contexto que temos, porque esta também é uma oportunidade e temos de nos desafiar para que as coisas corram bem. Depois daqueles dias iniciais, sentimos que a equipa estava no bom caminho. Agora, é óbvio que estas vitórias é que trazem a gasolina de que precisamos. São elas que nos alimentam e nos fazem querer mais cada dia”, comentou Luís Pinto.

Depois do rendimento conseguido nos dois primeiros jogos da temporada, Luís Pinto rejeita que as dificuldades sirvam de argumento para esvaziar o plantel de responsabilidades. “Estar no futebol sem pressão não é normal, porque queremos fazer sempre mais e ganhar, além de que trabalhamos num clube com 110 anos de história que também nos pressiona. Temos de saber honrar este clube e ter consciência de onde estamos, porque o Leça já esteve na I Liga, nos quartos-de-final da Taça de Portugal e tem um passado que exige de nós o nosso melhor. Aqui dentro temos a pressão de ter de trabalhar bem todos os dias. Sabemos das dificuldades que estamos a atravessar e também sabemos que este contexto não traz só problemas, mas também algumas oportunidades, como no caso de um jovem de 17 anos da formação do clube, que temos no plantel, algo que já não acontecia há anos, e que jogou na Taça de Portugal”, revelou.

Da época passada para cá, o plantel do Leça mudou radicalmente, transitando apenas seis jogadores, pelo que vencer adquire um sabor diferente para o treinador. “É gratificante, porque vemos aquilo que andamos a trabalhar há semanas traduzido dentro de campo. Depois significa muito para o espírito que se quer criar nesta equipa e no clube, que é trabalhar com foco, independentemente das dificuldades que se vivam. Neste caso, o trabalho acabou por ter efeito, quer a nível do resultado em si, quer de exibição. Portanto, esta vitória vem validar o nosso trabalho e trazer responsabilidades, como é óbvio, porque todos nós sabemos que depois de se ganhar um jogo destes, os adeptos ficam à espera de mais”, frisou.

O próximo embate é já com o Alvarenga e a abordagem é a mesma: “Vamos trabalhar para conseguir os melhores resultados possíveis, sem nos focarmos naquilo que poderemos atingir num futuro longínquo. Interessa mais o futuro imediato, o presente, e isso passa por trabalhar bem cada dia, neste caso prepararmos bem o jogo com o Alvarenga, sem pensar em muito mais do que isso, porque esse é o nosso foco no presente. Vamos tentar fazer a nossa parte, no que diz respeito ao lado desportivo. O resto foge das nossas mãos. Mas queremos, pelo menos, que olhem para nós e reconheçam a nossa dedicação e nos apoiem”.